Por que a obesidade é um problema de saúde pública?

Acúmulo de gorduras pode ser porta de entrada para doenças crônicas como hipertensão e diabetes

A obesidade pode ser definida como uma doença crônica, que se caracteriza principalmente pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são mais de 20 milhões de indivíduos obesos no Brasil. Na população adulta, 12,5% dos homens e 16,9 % das mulheres apresentam obesidade e cerca de 50% têm excesso de peso (sobrepeso). Outro dado, da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que até 2030, mais da metade do mundo será obesa.

 
 Mas por que a obesidade é uma doença tão preocupante? É sobre isso que vamos falar neste artigo.
 
 
Porta de entrada para doenças crônicas
 
O acúmulo de gordura no organismo aumenta o risco de doenças, como:
• Hipertensão arterial;
• Aumento do colesterol e triglicérides;
• Diabetes;
• Apneia do sono;
• Gordura no fígado;
• Infarto do miocárdio;
• Acidente vascular cerebral;
Além dos aspectos físicos, a obesidade causa danos para a saúde mental. A obesidade, sobretudo nas crianças e adolescentes, pode afetar a autoestima e prejudicar as relações pessoais. Como consequência, pode levar a quadros de ansiedade e depressão.
 
 
Mas quais são as causas da obesidade?
 
 
A obesidade é uma doença multifatorial. Isso significa que não tem causa específica. Ela pode ser uma resposta genética, ou seja, as pessoas podem herdar a disposição para obesidade como um metabolismo mais lento. Outros problemas, como a alteração na tireoide, por exemplo, também podem levar à obesidade.
 
 
Além de fatores genéticos, os maus hábitos - como o sedentarismo e a alimentação ruim - podem ser um motivo para o ganho excessivo de peso. Daí a importância de melhorar a qualidade dos alimentos que ingerimos. Portanto, não é só a quantidade que causa o acúmulo de gorduras.
 
 
Açúcar, gorduras ruins e processados, por exemplo, se não forem consumidos em baixa quantidade, podem causar danos para o organismo. Uma alimentação balanceada, formada por proteínas, carboidratos complexos (sobretudo vindos das frutas e farinhas e cereais integrais), além de grãos, verduras, legumes, frutas e outros alimentos in natura devem estar presentes no cardápio diária.
 
 
Além do estilo de vida, a obesidade também está relacionada a fatores psicológicos. Estudos apontam que transtornos da mente são gatilhos para a compulsão alimentar. O estresse e a ansiedade estão intimamente ligados à obesidade. Afinal, a comida (principalmente os doces e os processados), muitas vezes, é encarada como um refúgio ou uma recompensa para quem está com as emoções alteradas.
 
 
Sintomas da obesidade
 
 
Os sinais da obesidade são visíveis a olhos nus: além das roupas que não servem mais, as pessoas têm dificuldade de realizar algumas atividades fáceis do cotidiano, como amarrar um calçado, aumento do ponteiro na balança e maior vontade de comer. Contudo, esses não são os únicos sintomas. Também são sinais de obesidade:
 
 
• Episódios de apneia do sono;
• Dificuldade para movimentar-se;
• Cansaço frequente;
• Distúrbios no ciclo menstrual nas mulheres;
• Falta de ar devido ao peso sobre os pulmões;
• Dermatites e infecções provocadas pela formação de fungos nas possíveis dobras formadas pela pele;
• Dores pelo corpo com frequência;
• Doenças que afetam o funcionamento do metabolismo, como hipertensão e diabetes.
 
 
Pessoas com obesidade podem apresentar um ou mais sintomas dessa lista. Todavia, profissionais da saúde, como médicos e nutricionistas são os responsáveis por fazer esse diagnóstico.
 
 
Aliás, como já mencionamos neste artigo, por ser uma doença multifatorial, o diagnóstico é complexo e individualizado. O profissional da saúde irá analisar o estilo de vida, o padrão de alimentação, a genética familiar (condições que podem ser passadas de pai para filho), entre outros fatores psicológicos.
 
 
O IMC
 
 
Uma das medidas utilizadas por médicos e nutricionistas é calcular o Índice de Massa Corpórea (IMC), que considera a relação entre o peso e a altura. Esse parâmetro avalia se uma pessoa tem algum nível de sobrepeso ou obesidade. Por exemplo: quando o IMC é maior do que 30, pode significar que a pessoa apresenta algum nível de obesidade.
 
 
Outra ferramenta utilizada pelos médicos é analisar o percentual de gordura corporal de modo individualizado, por meio da bioimpedância. Alguns exames de sangue também podem ser necessários, como glicemia, índices de colesterol, dentre outros.
 
 
Tratamento
 
 
O tratamento para obesidade envolve uma abordagem multiprofissional. Geralmente, os pacientes com sobrepeso ou obesidade podem precisar de acompanhamento com nutricionista, psicólogo, educador físico, dentre outros. O acompanhamento poderá ser pontual ou em conjunto com todos eles.
 
 
A prescrição inclui mudanças no estilo de vida, uma dieta equilibrada, a prática de atividades físicas e cuidados com a saúde mental. Em alguns casos, o uso de medicamentos é uma alternativa para controlar o apetite do paciente e reduzir a absorção de gordura pelo organismo.
 
 
Prevenção
 
 
Por fim, vale dizer que não existe fórmula mágica para prevenir a obesidade. O melhor caminho, sem dúvidas, é adotar um estilo de vida saudável que inclui:
• uma alimentação que dá preferência para alimentos naturais, como verduras, frutas e legumes e carboidratos integrais;
• praticar exercícios físicos, dando preferência para caminhadas e subir escadas ao invés de pegar o elevador, por exemplo, são mudanças que fazem a diferença;
• adotar hábitos que te ajudem a fazer a manutenção da sua saúde mental, como convivência com amigos e familiares e atividades de lazer, além de terapias.
 
 
Obesidade em crianças
 
 
O dia 3 de junho foi escolhido como a data para conscientizar a população sobre os desafios enfrentados pelas crianças que sofrem com a obesidade. Neste sentido, estudos indicam que pais com obesidade apresentam 80% de chance de terem filhos com o mesmo quadro. Esse número cai para 40% se apenas um dos pais for obeso e para 10% se os pais tiverem uma alimentação de qualidade.
 
 
Daí a importância da adoção de bons hábitos para a família toda. As crianças devem ter acesso a uma alimentação saudável para um desenvolvimento pleno e assim manter o peso ideal. Portanto, os pais não devem descuidar da alimentação. Além disso, eles devem estimular a movimentação dos pequenos e reduzir o tempo de exposição e uso de telas de TV, computadores, smartphones e tablets. O uso de equipamentos eletrônicos não deve ultrapassar 2h diárias.