Aumento de casos de dengue alerta para epidemia da doença no Brasil

O Brasil contabilizou 978 mortes por dengue em 2022 e o número é o maior desde 2015, quando 986 pessoas perderam a vida em razão da doença. E, em relação a 2021, o número de mortes aumentou 400%. Além disso, os casos de dengue saltaram 172,4% no comparativo entre o mesmo período entre 2021 e 2022. Os dados são do Ministério da Saúde e foram divulgados no último mês de dezembro.

Os números preocupam as autoridades sanitárias e servem de alerta para uma nova epidemia de dengue que pode acometer a população brasileira nos primeiros meses de 2023. É que a proliferação da doença é maior no verão em virtude das fortes chuvas e do calor intenso. Com o contato com as águas e a temperatura aquecida, os ovos colocados há semanas ou meses podem eclodir e dar origem a milhares de novos mosquitos Aedes aegypti.
 
Por isso, evitar água parada é uma medida que pode contribuir para frear a disseminação da dengue. Medidas preventivas contra o mosquito são essenciais para o vírus perder o seu alcance. Como a maior parte dos focos do mosquito está nos domicílios, a conscientização da população é importante e é responsabilidade de cada um fazer sua parte para combater a doença.
 
Na maioria dos casos, os sintomas da dengue são leves, mas uma parcela considerável dos infectados pode apresentar evolução mais grave, inclusive com fenômenos hemorrágicos. Além disso, sua peculiaridade é que não existe tratamento específico para dengue e, no momento em que aparecem os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde mais próximo para o profissional realizar o diagnóstico.
 
Uma vez comprovada a infecção pelo vírus da dengue, o paciente deverá repousar imediatamente e ingerir bastante líquido. Mais importante ainda é que o paciente não deve se automedicar, em hipótese alguma, evitando principalmente os anti-inflamatórios.
 
 
Sintomas da dengue
 
Os pacientes infectados pelo mosquito da dengue podem ser assintomáticos ou apresentar os seguintes sinais e sintomas:
 
• manchas avermelhadas pelo corpo a partir do 5º dia (30% a 50% dos casos);
• febre acima de 38ºC (2 - 7 dias);
• coceira leve;
• dor articular leve; e
• dor muscular intensa.
 
 
Diagnóstico da dengue
 
Para o diagnóstico da dengue, é necessária uma boa anamnese (entrevista do médico com o paciente), com a realização da prova do laço, exame clínico e confirmação laboratorial específica – que segue orientação de acordo com a situação epidemiológica.
 
Os sintomas da dengue hemorrágica (também chamada de dengue grave) são os mesmos da dengue clássica. No entanto, quando a febre diminui - por volta do terceiro ou quarto dia - ocorrem hemorragias por causa de sangramentos de vasos na pele e em órgãos internos. Alguns sinais podem indicar que a doença evoluiu para o quadro grave:
  •  dor abdominal intensa
  • vômito persistente, às vezes com sangue
  • sangramento nas gengivas ou nariz
  • dificuldade respiratória
  • confusão mental
  • fadiga
  • aumento do fígado
  • queda da pressão arterial
  • sangue nas fezes
 
Vacina
 
 
Também no último mês de dezembro, o Instituto Butantan (Butantan-DV) apresentou informações sobre a vacina contra a dengue desenvolvida por seus pesquisadores. O imunizante mostrou uma eficácia de 79,6% para evitar a doença, de acordo com o estudo clínico de fase 3.
 
Os dados foram coletados após um acompanhamento de dois anos com mais de 16 mil indivíduos de todo o Brasil. Durante esse período, não foi reportado nenhum caso grave de dengue nos participantes. O resultado positivo é fruto de um trabalho de mais de 10 anos com parceiros internacionais do Instituto Butantan e pode ter grande impacto na saúde pública brasileira a partir da diminuição considerável de óbitos em decorrência da picada do mosquito Aedes aegypti.
 
A fase 1 do ensaio clínico foi desenvolvida nos Estados Unidos, entre 2010 e 2012. O Brasil conduziu a fase 2, no período de 2013 a 2015. Nessa etapa, os pesquisadores verificaram que a vacina induz produção de anticorpos contra os quatro sorotipos do vírus. Esse é o maior desafio na produção da imunização, uma vez que é possível ser infectado mais de uma vez por diferentes vírus. Vale lembrar que no caso de uma reinfecção, a chance de desenvolver uma doença grave e com risco de morte é maior.
 
Caso a vacina seja aprovada futuramente pela Anvisa, poderá ser incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e disponibilizado gratuitamente nas unidades básicas de saúde.
 
Dr. Rafael Mendonça Rey dos Santos
Coordenador Médico do CQV
CRM: 22.281