Março roxo: data incentiva debate sobre a epilepsia

Distúrbio neurológico não é contagioso, provoca crises convulsivas e afeta 2% da população brasileira; doença tem tratamento e pode ser curada
 
 
Em 26 de março acontece no mundo inteiro o Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia. A data foi criada em 2008 pela canadense de nove anos Cassidy Megan, numa parceira com a Associação de Epilepsia da Nova Escócia (EANS). A intenção é mobilizar as pessoas para aumentar a consciência sobre a doença, que afeta cerca de 1% da população em todo o mundo e que acomete 2% entre os brasileiros, segundo a Liga Brasileira de Epilepsia. A canadense que criou essa iniciativa escolheu o tom roxo, que representa o isolamento vivido por muitas pessoas que têm esse distúrbio.
 
De acordo com o médico de família da Clinipam, Julierme Mellinger (CRM 19531), a epilepsia é causada por uma tempestade elétrica no cérebro. “Esses desequilíbrios elétricos no córtex central podem causar diversos sintomas, dependendo da parte do cérebro em que ocorrem esses panes. Entre eles, podemos citar: alteração no nível de consciência; alteração no padrão de respiração; movimentos descoordenados em partes do corpo, como rigidez ou perda de força; os olhos podem apresentar movimentos involuntários; e também pode haver perda do controle dos esfincteres urinários e de evacuação”, explica Mellinger.
 
Ele acrescenta que, no diagnóstico do distúrbio, é importante caracterizar a convulsão que a pessoa teve para avaliar se aquela crise é uma epilepsia ou se a síndrome convulsiva deriva de outro problema de saúde. “A partir daí, é necessário solicitar exames de sangue, tomografia e ressonância. Esses procedimentos vão contribuir para fazer a confirmação da epilepsia e, sobretudo, fazer a exclusão de algumas hipóteses diagnósticas”, esclarece.
 
Alguns tipos específicos de epilepsia podem ser associados a uma pré-disposição genética. “No entanto, essa pré-disposição não indicada que determinado paciente terá a epilepsia porque essa doença também está relacionada a fatores ambientais”, alerta o médico.
 
A boa notícia é que a doença pode ser tratada e os pacientes podem até alcançar a cura. O tratamento é feito com medicamentos anticonvulsivantes, que podem evitar as crises convulsivas. “Segundo a literatura, se um paciente ficar cinco anos sem crises, a medicação pode ser suspensa. Nesses casos, esses doentes são considerados curados. Ainda há possibilidade de tratamento cirúrgico para casos refratários”, relata Jullierme Mellinger.
 
É importante lembrar que a epilepsia é uma doença neurológica e, portanto, não contagiosa. A informação ainda é o melhor remédio para combater os estigmas e preconceitos em torno dos pacientes que sofrem com esse distúrbio. Essas pessoas merecem ser tratadas com muito respeito, porque já enfrentam uma grande adversidade, que é lidar com as crises convulsivas em meio à rotina de trabalho ou estudo (no caso das crianças).
 
Os pacientes com epilepsia podem levar uma vida normal, desde que adotem alguns cuidados, como salienta o médico de família da Clinipam. “É necessário que eles façam uso da medicação corretamente. Além disso, devem ter cuidado com a sua própria segurança e com aqueles que estão ao redor. Não é aconselhável dirigir, trabalhar em lugares com altura elevada ou em funções em que não é possível passar por momentos de ausência neurológica, ou seja, a perda de consciência, fator que pode colocar a vida do paciente e dos outros em risco”, orienta.
 
Veja no quadro abaixo como você pode ajudar um paciente com crise convulsiva: